O retorno dos condenados | Velhas práticas, novos disfarces
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Gim Argello, Arruda e companhia ensaiam volta ao poder em 2026, apostando na memória curta do eleitor e no desgaste da política honesta
Por Yasmim Borges
A política brasiliense parece viver um looping moral. Personagens que um dia ocuparam o noticiário policial voltam a ensaiar discursos de renovação, como se o passado pudesse ser apagado por conveniência. Entre eles, desponta novamente Gim Argello, o ex-senador condenado por corrupção, que agora tenta se reposicionar como vítima do sistema. Seu blog, transformado em palanque de ataques, soa mais como provocação do que como reflexão política.
Ao lado dele, ressurgem nomes que o eleitorado do Distrito Federal bem conhece José Roberto Arruda, cassado e preso no escândalo da Caixa de Pandora; Agnelo Queiroz, condenado por improbidade na bilionária reforma do Mané Garrincha; e Júnior Brunelli, o “pastor da propina”. O quarteto parece querer reeditar uma “República dos Condenados”, onde a ética é um detalhe incômodo e o eleitor, um figurante de memória curta.
Enquanto a sociedade clama por transparência, esses velhos conhecidos apostam em narrativas de redenção e em estratégias de marketing político para limpar suas biografias. A tática é simples: vestir-se de bons moços, pregar moralidade e buscar brechas jurídicas que lhes devolvam o direito de disputar votos como se a anulação de sentenças fosse sinônimo de inocência.
É triste constatar que, em vez de novos líderes, o Distrito Federal volta a lidar com fantasmas de um passado vergonhoso. Políticos que já provaram do poder e se perderam nele agora pedem mais uma chance, com o mesmo discurso ensaiado de “mudança”. Cabe ao eleitor decidir se o perdão coletivo vale mais do que a lembrança da corrupção que drenou recursos públicos e feriu a dignidade de Brasília.
O futuro do DF não pode ser construído por quem já o destruiu antes.

