EUA criticam prisão de Bolsonaro e cobram limites ao STF
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Governo Trump e imprensa internacional apontam desgaste institucional e veem risco de instabilidade política no Brasil após decisão de Alexandre de Moraes
A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro provocou forte reação nos Estados Unidos e ganhou destaque nos principais jornais internacionais. A repercussão expôs tensões diplomáticas, críticas ao Supremo Tribunal Federal e alertas sobre os impactos da decisão no cenário político brasileiro.
Nos Estados Unidos, a cobertura da imprensa refletiu preocupação com o rumo da crise. O Washington Post lembrou que o julgamento de Bolsonaro já havia criado atritos entre os dois países. O New York Times chamou atenção para o argumento de “risco de fuga”, usado pelo ministro Alexandre de Moraes para justificar a prisão, enquanto o The Guardian destacou a expectativa que se formou no Brasil sobre uma possível detenção do ex-presidente.
A manifestação mais contundente veio da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que divulgou comunicado classificando Moraes como “violador de direitos humanos sancionado” e afirmando que sua decisão “expôs o STF à vergonha e ao descrédito internacional”. A nota acusa o ministro de desrespeitar normas de autocontenção judicial e de politizar o processo, afirmando que a prisão foi “provocativa e desnecessária”.
Christopher Landau, vice-secretário de Estado e figura próxima ao governo Trump, reforçou o posicionamento. Ele destacou que Bolsonaro já se encontrava em prisão domiciliar com monitoramento rígido, o que, segundo ele, torna a decisão ainda mais questionável. Landau afirmou que “não há nada mais perigoso para a democracia do que um juiz que não reconhece limites para o seu poder”.
Analistas americanos avaliam que a crise brasileira se insere em um contexto geopolítico maior, marcado por tensões envolvendo Venezuela, Rússia, China, Irã e organizações ligadas ao narcotráfico. Para Washington, o Brasil ocupa posição estratégica, o que torna qualquer instabilidade motivo de preocupação diplomática.
Fontes ligadas ao Departamento de Estado afirmam que novas sanções ao Brasil estão sendo avaliadas, embora qualquer medida dependa do momento político interno dos EUA, que enfrenta desafios econômicos, pressões migratórias e a preparação para as eleições legislativas do próximo ano. A avaliação predominante é de que o governo americano agirá com cautela, mas não ignorará sinais de abuso de autoridade.
A repercussão internacional também colocou o Congresso brasileiro sob observação. Parlamentares dos EUA têm mencionado a falta de reação do Legislativo diante das tensões envolvendo o Judiciário brasileiro, citando promessas de pautas que não avançaram, como discussões sobre anistia.
O cenário reforça um alerta: para os EUA, a crise não se limita a Bolsonaro, mas a potenciais riscos institucionais que podem afetar a imagem e a estabilidade política do Brasil em um momento sensível na geopolítica global.

